Aulas presenciais com segurança. Vacina já Suelen Aires Gonçalves
Socióloga e professora universitáriastyle="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">
Manifestamos nossa contrariedade quanto ao retorno das aulas presenciais no Estado nesse momento em que a situação da pandemia continua extremamente grave, com altos índices de contaminação e ocupação de leitos nos hospitais. Queremos a retomada presencial das atividades de ensino quando houver garantias reais de segurança para a comunidade escolar e a vacinação para os trabalhadores da educação.
Nossa opinião é que o governador Eduardo Leite tem sido negligente e irresponsável com a forma como está tratando o tema do retorno às aulas presenciais. Inclusive, tendo descumprido a decisão judicial de suspensão da volta às aulas, quando publicou decreto autorizando a reabertura das escolas, na última sexta-feira, dia 23. Estamos em bandeira preta, e o governo do Estado quer reabrir as escolas a qualquer custo, colocando em risco não apenas a comunidade escolar, mas toda a sociedade.
Nos quatro primeiros meses de 2021, morreram mais pessoas por causa da Covid-19 do Brasil do que o somatório dos óbitos registrados pela doença durante todo o ano passado. Se abrirmos as escolas agora, veremos o quadro se agravar ainda mais com o aumento significativo da circulação de pessoas e, logicamente, do vírus. Logo, teremos que fechar não apenas as escolas, mas, certamente, outros setores também, como serviços e comércio.
Se a preocupação do governo Leite e das entidades que defendem o retorno presencial imediato fosse, de fato, com o ensino e a educação, a luta seria por investimentos na qualificação do sistema de ensino remoto e no acesso à internet para os estudantes, garantindo as condições para que possam aprender com qualidade no contexto de educação a distância.
A pauta que nos move, enquanto Movimento Vacina Já RS, é a preservação da vida, com a vacinação em massa e gratuita da população, além do acesso à renda e ao alimento para quem mais precisa. Enquanto não tivermos a vacina para os trabalhadores em educação, não temos segurança para retomar às aulas presenciais.
Só perdeu o ano quem morreu. Aulas se recuperam, vidas não!
Nota do Movimento Vacina Já RS, de 26 de abril de 2021.
As raposas e o galinheiro Silvana Maldaner
Editora de revistastyle="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">
Friedrich Nietzsche, filósofo alemão já dizia, aquele que luta com demônios deve acautelar-se para não tornar-se um também. Quando se olha muito tempo para o abismo, o abismo olha para você. Qual o abismo que temos olhado? Estamos enxergando o fundo do poço?
Eu não canso de imaginar as raposas cuidando do galinheiro. Investigados nomeados relatores de CPI das investigações. Ministros indicados por presidentes julgando os seus padrinhos políticos. Juízes militantes determinando decretos na madrugada. Sindicatos da educação entrando com liminares para impedir o aprendizado presencial das crianças. MST fazendo campanha de que voltar as aulas é crime, mas invadir propriedades, não. Restaurantes, supermercados, shoppings e bares são liberados, mas escolas são perigosas.
Sei lá, é tanta doidera, que vou seguir os conselhos do Nietzsche. Vou olhar para frente ou tentar olhar de cima. Talvez, como uma marciana ou uma extraterrestre. Nesta perspectiva, talvez consiga ver uma beleza, um aprendizado, uma evolução.
Se olharmos para o passado, há 10 anos, não sabíamos os nomes dos ministros do STF, e nem o que faziam. Eu, particularmente, achava que a função deles era assegurar o cumprimento da constituição, e ser a última instância de julgamento para presidentes, ministros e membros do Congresso.
No entanto, hoje sabemos como foram nomeados, o que faziam antes de serem da suprema corte, quem os indicou, quanto ganham e o que eles investigam, denunciam, julgam e determinam.
De certa forma, pode-se dizer que isto é um avanço. Pois os brasileiros, de modo geral, sabiam de toda a escalação brasileira de futebol, todos enredos de escola de samba, a vida de artistas e famosos milionários, mas das decisões políticas e econômicas de seu país, poucos sabiam.
Hoje, sabemos o nome, sobrenome, filiação partidária e para quem trabalham os principais líderes que comandam os sindicatos, associações e lideranças que influenciam na vida de milhares de pessoas.
O gigante está acordando aos poucos, bem lentamente. E creio que talvez a próxima geração se não for totalmente alienada, exercerá um papel muito importante de separar o joio do trigo e de parar de alimentar os monstros criados nesta geração.
Enquanto isto, apesar de parecer que estamos no subsolo do poço, vejo um exercício de cidadania e de luta por discernimento e bom senso nos decretos, e leis estúpidas criadas e discutidas por um judiciário e um governo que trabalha para seu partido e não para os anseios de sua gente.